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terça-feira, junho 16, 2009

A Cabeça de Nat

 É todo dia assim. Ele acorda correndo e já vai fazer o café e escovar os dentes. Mas que pressa! Não tem nem um segundo para dizer bom dia, ou para me dar um beijo. Sempre nessa correria.

Ele nunca ouve o que eu falo com ele na parte da manhã. Porque está sempre correndo pela casa com o café na mão e as meias do avesso. Demorei muito para me acostumar com sua rotina matinal corrida que sempre me acorda antes do meu tempo. Aí eu fico lá, sentada na cama, esperando o furacão passar para que eu possa me arrumar mais calmamente, sem pressa.

E sempre acabo chegando atrasada no trabalho. Mas não me preocupo. Eu sou a pessoa mais competente de onde trabalho, e sei que, mesmo atrasada eu sempre me saio melhor ao final do dia e o Chefe não tem coragem de me demitir.

Às vezes o dia é tão estressante que dá vontade de sair correndo daquele lugar infernal direto pra casa para tomar o café horrível que Max faz. Até parece que tomando seu café vai deixar ele mais perto de mim naquele momento. Nessas horas penso em ligar para ele e somente ouvir sua voz e conversar uns minutinhos. Mas Max odeia quando ligam para ele na hora do seu trabalho. Então, fico nas revistas mesmo.

A gente só se vê na parte da noite. A gente sempre fica melhor à noite. Max sempre chega mais cedo do que eu, e sempre o encontro sentado no sofá, com uma xícara de seu café na mão e um disco de Bob Dylan tocando. Entro, digo boa noite para ele, e vou tomar meu banho. E depois pego café e vou me sentar com ele.

Adoro esses momentos que passamos no sofá, juntos e ouvindo as músicas que mais gostamos. Sempre damos boas risadas quando contamos as histórias do nosso dia. Adoro quando ele ri e põe a mão no queixo. Ele fica com um ar tão divino, que dá vontade de parar o tempo ali, naquele momento, para que possamos rir de nossas coisas sempre.

Quando a gente envelhecer, será que vamos ter esse mesmo espírito que temos hoje?
Não consigo evitar pensar isso, toda noite. E acabo ficando um pouco triste, e fico olhando o fundo do copo de café, torcendo para que a gente sempre seja assim até quando o sempre vire um imenso vazio. Torcendo para que os nossos dias sejam mais como as nossas noites.
Um dia ele me perguntou por que olho no fundo do copo toda noite. Não quis deixar ele triste com meus pensamentos, então criei uma resposta nada a ver e rimos bastante disso.

Nesse dia dormimos no sofá, agarradinhos um ao outro.
Max acordou em algum ponto da noite e me levou para a cama. Eu acordei, mas fingi estar dormindo para aproveitar melhor o momento de ele me carregar em seus braços. Deus, eu quis tanto parar esse momento, e desejei que ele me carregasse toda noite!
Ele me colocou na cama e senti que ficou me olhando um bom tempo. Quando ele finalmente dormiu, eu abri os olhos e dei um beijo nele.

Às vezes me pergunto se ele ainda repara em mim todo dia.

Um comentário:

Teena disse...

CARA ! se é você mesmo
que escrevee isso parabéns
euu fiiqueii até imaginando as
cenaas '

Parabéns !